Crítica | Pobres Criaturas

Novo longa estrelado por Emma Stone está nos cinemas

15/02/2024 16:20 / Por: Laylton Corpes / Fotos: Divulgação
Crítica | Pobres Criaturas

Amor e horror. Certo ou errado. Açúcar e violência. A existência humana poderia ser resumida sobre a dualidade conflitante entre sentimentos distintos, e é nesse debate que o novo longa de Yorgos Lanthimos, Pobres Criaturas, busca se aprofundar. 


Baseado na obra de Alasdair Grey de 1992, Pobres Criaturas conta a saga de Bella Baxter (Emma Stone), jovem da Era Vitoriana que é trazida de volta à vida pelo cientista Godwin Baxter (Willem Dafoe), por meio do cérebro do seu filho, do qual ela estava grávida antes de morrer. 


Bella Baxter é trazida de volta à vida (Searchlight Pictures/Divulgação)

Uma história hiper viajada, o longa é uma clara homenagem ao clássico Frankenstein, sob o olhar da emancipação feminina e busca pela equalidade. Lanthimos adiciona mais um filme à dita “Estranha Onda Grega”, movimento cinematográfico que costuma se caracterizar pelo surrealismo e humor crítico quase satírico, oriundo do seu país de origem.


Pobres Criaturas evoca um espírito de libertação em cada cena, levando uma personagem que inicialmente não sabe o seu lugar no mundo, mas que passou a conquistá-lo em cada passo dado. Colocar uma mulher que se recusa a encaixar em um molde alça ao filme um status de maestria, quase que pondo a protagonista num passo de dança muito bem elaborado.


Jornada da protagonista encanta em cada passo dado.

Tudo isso se deve à interpretação magistral de Emma Stone, que está deslumbrante como Bella Baxter. Com nuances de ingenuidade, sagacidade e humor afiadíssimo, a atriz sai à frente na disputa do Oscar na categoria de Melhor Atriz, pondo em cheque nomes como o de Sandra Hüller (Anatomia de uma Queda), ou Lily Gladstone (Assassinos da Lua das Flores). Aliás, o longa arrebatou a premiação com outras 10 indicações, incluindo a de Melhor Filme.


Outro ponto a ser destacado em Pobres Criaturas é o primoroso trabalho de caracterização e ambientação do longa. As bufantes roupas de Bella chamam a atenção ao passo que a personagem amadurece no decorrer da história. Cidades como Portugal e Paris, presentes na trama, ganham um ar futurístico com ar steampunk à la Sucker Punch (Zack Snyder, 2011), onde tudo dá a impressão de que estamos passando por uma pintura. Em suma, a autodescoberta é linda, tocante e por que não, bizarra? 


Visuais fantásticos do filme são obra de arte à parte. (Searchlight Pictures/Divulgação)


Avaliação:  ★ ★ ★ ★ ★ (excelente)

Mais matérias Críticas

publicidade